
FakeArch X arquitetura de verdade
Em tempos em que muito do que vemos por aí são imitações e fake, nunca se esperou tanta verdade da arquitetura. Para nós, a honestidade de um projeto começa na escolha dos materiais.
Ler maisJá falamos aqui que arquitetura é arquitetura, independente da escala. Para nós, pouco importa ser um projeto de um edifício, um complexo industrial, uma casa, ou, como no tema deste texto, a arquitetura de interiores. Nossa forma de pensar os espaços, nosso modus operandi, será sempre o mesmo.
Mas temos um motivo para dedicarmos um tópico especificamente sobre esse tema: nós vivemos boa parte do nosso tempo em ambientes internos. Seja dentro de nossas casas, no local de trabalho, ou até mesmo em um bar com os amigos.
De acordo com a designer Ilse Crawford, são exatos 87% de nossas vidas que passamos dentro de algum edifício. Com tanto tempo confinados em espaços internos, é importante pararmos para pensar e refletir sobre como são esses espaços e o quanto eles podem influenciar o nosso dia a dia.
Somos constantemente influenciados pelos espaços à nossa volta. A forma, a dimensão, a materialidade e o próprio design dos ambientes em que vivemos interferem no nosso humor, disposição, e até mesmo na nossa saúde mental.
A recíproca também é verdadeira. Logo, é através da arquitetura de interiores que podemos influenciar a vida das pessoas de maneira mais direta e intimista. Afinal, por meio dela, estamos desenhando os espaços que servirão de base para todas as nossas atividades cotidianas.
Então, o que de fato é pensado na arquitetura de interiores? Antes de mais nada, nós buscamos conhecer os aspectos subjetivos voltados à identidade e gosto pessoal das pessoas que irão utilizar os espaços projetados.
Já em relação aos aspectos funcionais, nosso estudo consiste em responder a seguinte pergunta: como organizar os ambientes para que sejam práticos? É sempre necessário muito estudo para obter soluções que maximizem a organização espacial, para que não haja conflito de fluxos e funções, e para que a disposição dos ambientes esteja adequada ao uso proposto.
E por último, mas não menos importante, existem os aspectos técnicos, voltados para estudar e entender questões como: qual a melhor iluminação para cada tipo de ambiente e situação; quais as melhores medidas e proporções em termos de conforto físico e ergonomia e até qual material proporciona uma melhor resposta acústica de acordo com as particularidades dos espaços projetados.
Bem… a lista de aspectos técnicos se estende mais um pouco, mas vamos encerrar por aqui porque não queremos deixar ninguém entediado. E é com o amálgama desses condicionantes que podemos entender um pouco melhor as bases que fundamentam nossas discussões durante as etapas de criação de um projeto de arquitetura de interiores.
Já deu para perceber que trabalhar com arquitetura de interiores vai muito além de colocar um painel de MDF aqui ou um papel de parede ali, certo? O problema é que tem muito preconceito envolvido nesse assunto; um preconceito cuja gênese se encontra no posicionamento de muitos profissionais e na própria forma como a mídia e as redes sociais divulgam esse tipo de projeto.
Não tratamos com superficialidade as decisões projetuais que envolvem a arquitetura de interiores. Desse modo, entendemos que todos os elementos, inclusive aqueles utilizados como acabamento e revestimento, devem ser um meio para um fim e não um fim em si próprios. Eles devem sempre apresentar uma resposta à alguma necessidade ou diretriz projetual, estando de acordo com aqueles aspectos subjetivos, técnicos e funcionais que citamos acima.
E colocar papel de parede para quê, afinal? Com toda essa preparação de terreno, podemos agora abordar os aspectos estéticos. Aqueles que, para muitas pessoas, são a base da arquitetura de interiores. Na verdade, não queremos banalizar a importância da estética para a arquitetura. A beleza importa, ela é um componente essencial às nossas vidas, e também para a arquitetura. Mas ela não pode ser banal, precisa de um porquê.
Para nós, da PLUS Arquitetura, muitas vezes, quanto menos papel de parede – ou outro revestimento de natureza similar – melhor. Então, por que não deixar as paredes à mostra, tornando aparente o acabamento do reboco com a pintura? Por que não explorar a estética dos materiais em sua própria natureza? Um exemplo é o concreto, que mesmo sendo um material considerado bruto, quando bem executado, pode criar um resultado estético interessante.
Não queremos com isso fazer apologia à arquitetura brutalista. Mas sim afirmar que existe beleza na simplicidade e na pureza dos elementos. Logo, por que não explorar e incorporar isso no projeto?
Além disso, sempre que possível, buscamos usar e aplicar materiais em seu aspecto natural. Empregar madeira de verdade, em vez de piso vinílico ou laminado. Usar o tijolo no lugar das cerâmicas que buscam a imitação, e ter a vegetação de verdade, plantas naturais, como forma de humanizar os espaços e estabelecer um vínculo com aquela natureza que é tão exígua no nosso meio urbano e antropizado.
Um forro liso, puro e sem adornos, paredes nuas que, quando possível, não têm revestimento além da pintura. Móveis com linhas que exaltam a elegância na simplicidade, e a contemporaneidade no traço. Cada elemento em si uma resposta, seja ela aos condicionantes funcionais, técnicos ou estéticos do projeto. É assim que pensamos arquitetura de interiores.
E, se quiser conhecer um pouco mais dos nossos projetos e da linguagem que aplicamos na nossa arquitetura, fique à vontade. É só clicar aqui.
Ilse Crawford – Abstract: the art of design. Série.
Por Tueilon de Oliveira
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Em tempos em que muito do que vemos por aí são imitações e fake, nunca se esperou tanta verdade da arquitetura. Para nós, a honestidade de um projeto começa na escolha dos materiais.
Ler maisVocê sabe o que é arquitetura? Também não é fácil para nós, arquitetos, definir o exercício da nossa profissão, mas esse texto é uma tentativa. Leia e nos conte o que você achou!
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